Uma das figuras mais lendárias e influentes da longa e marcante história de Portugal é Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal.
Quase de forma solitária, ele transformou Portugal de um estado vassalo numa nação independente que viria a mudar o mundo, uma enorme conquista para um pequeno território escondido no canto sudoeste da Europa.
E não muito tempo depois da sua morte em 1185, Portugal já havia estabelecido as fronteiras que ainda definem a forma e o tamanho do país hoje, tornando-se uma das nações mais antigas do mundo.
As façanhas de Afonso Henriques continuaram a inspirar a expansão imperial de Portugal mais de três séculos depois, quando o país desenvolveu um vasto império ultramarino durante a Idade dos Descobrimentos, um período muito próspero de exploração marítima, impulsionado por outro indivíduo corajoso e muito empreendedor, Henrique, o Navegador.
Mas muito pouco se sabe sobre o homem que dedicou a sua vida a colocar Portugal no mapa mundial.
Acredita-se que Afonso Henriques nasceu no Castelo de Guimarães no dia 25 de julho de 1109, apesar de alguns historiadores afirmarem que o seu local de nascimento foi a cidade de Coimbra, mais a sul.
Era filho de Henrique de Borgonha, Conde de Portugal, e Teresa de Leão, filha ilegítima do Rei Afonso VI de Castela e Leão, e, de forma significativa, foi o único entre vários irmãos a sobreviver.
Mais tarde casou com Mafalda, filha do Conde Amadeu III de Sabóia, que lhe deu sete filhos, entre os quais o Rei Sancho I, que governou Portugal de 1185 até 1211.
Afonso Henriques cresceu sendo um jovem muito firme e resoluto, com fortes convicções, a ponto de se ter oposto à própria mãe na famosa Batalha de São Mamede, acabando por a prender e exilar num mosteiro em León, onde viveria o resto da sua vida.
A luta do país pela independência começou em 1095, quando o Rei Leão de Castela entregou o ducado costeiro de Portugal ao pai de Afonso, e quando tinha apenas 14 anos, proclamou-se cavaleiro na Catedral de Zamora, em Espanha, levantando rapidamente um exército e tomando o controlo das suas terras.
A partir daí, iniciou a expulsão dos mouros. O condado de Portucale (como era então conhecido) estendia-se desde o rio Minho até Coimbra, onde Henriques estabeleceu um posto avançado precário contra os mouros, que, nessa altura, controlavam a maior parte da Península Ibérica.
Em 1139, após a sua vitória monumental na Batalha de Ourique, foi proclamado Rei, após garantir a independência do seu pequeno reino. O novo monarca iniciou imediatamente o processo de consolidação do seu poder militar e de expansão dos seus domínios a sul. Conhecido pelos árabes como Afonso, o Terrível, acabou por lhes tirar as sete cidadelas representadas hoje no brasão de armas de Portugal, incluindo Lisboa, que foi finalmente tomada aos mouros em outubro de 1147.
Em 1179, o Papa Alexandre III concedeu a Afonso Henriques o título de Rei através da bula papal Manifestis Probatum, confirmando e legitimando, assim, a independência de Portugal.
O povo de Portugal ainda guarda o homem que chamam o Conquistador muito perto do coração, e os relatos da sua galhardia e feitos heroicos de guerra ainda alimentam as mentes dos jovens portugueses nas escolas de todo o país.
O seu corpo repousa na Igreja de Santa Cruz em Coimbra, juntamente com o seu filho, Sancho I, o segundo rei de Portugal.
