O explorador português Vasco da Gama foi comissionado pelo rei de Portugal para encontrar uma rota marítima para o Oriente. Foi a primeira pessoa a navegar diretamente da Europa para a Índia.
Quem foi Vasco da Gama
Em 1497, o explorador Vasco da Gama foi comissionado pelo rei de Portugal para encontrar uma rota marítima para o Oriente. Seu sucesso nesse empreendimento revelou-se um dos momentos mais importantes na história da navegação. Posteriormente, ele realizou mais duas viagens à Índia e foi nomeado vice-rei português na Índia em 1524.
Primeiros Anos
Vasco da Gama nasceu numa família nobre por volta de 1460, em Sines, Portugal. Pouco se sabe sobre sua infância, exceto que era o terceiro filho de Estêvão da Gama, comandante da fortaleza de Sines, no sudoeste de Portugal. Quando atingiu a idade adequada, o jovem Vasco da Gama ingressou na marinha, onde aprendeu a navegar.
Conhecido como um navegador firme e destemido, Vasco da Gama solidificou sua reputação como um marinheiro respeitável em 1492, quando o rei João II de Portugal o enviou ao sul de Lisboa e, depois, à região do Algarve, com a missão de apreender navios franceses como retaliação contra o governo da França por interferir no comércio português. Após cumprir as ordens do rei João II, em 1495, o rei Manuel I subiu ao trono e o país retomou sua antiga missão de encontrar uma rota comercial direta para a Índia. Na época, Portugal já se havia estabelecido como uma das nações marítimas mais poderosas da Europa. Grande parte dessa posição deveu-se ao Infante D. Henrique, conhecido como Henrique, o Navegador, que, na sua base na região sul do país, reuniu uma equipa de cartógrafos, geógrafos e navegadores experientes.
Ele enviou navios para explorar a costa ocidental da África, expandindo a influência comercial de Portugal. Henrique também acreditava que poderia encontrar e formar uma aliança com o lendário Preste João, que governaria um império cristão em algum lugar da África. Embora nunca tenha localizado Preste João, o impacto de Henrique no comércio português ao longo da costa leste da África foi inegável durante os seus 40 anos de explorações. No entanto, apesar de todo seu trabalho, a porção sul da África — o que estava a leste — permanecia envolta em mistério.
Em 1487, um avanço significativo foi feito quando Bartolomeu Dias descobriu o extremo sul da África e contornou o Cabo da Boa Esperança. Esta viagem foi marcante, pois provou, pela primeira vez, que os oceanos Atlântico e Índico estavam conectados. Esta descoberta reacendeu o interesse em buscar uma rota comercial para a Índia. No final da década de 1490, porém, o rei Manuel não estava apenas pensando em oportunidades comerciais ao fixar sua atenção no Oriente. Na verdade, sua motivação para encontrar uma rota era menos sobre explorar mercados lucrativos e mais sobre sua ambição de conquistar o Islã e estabelecer-se como o rei de Jerusalém.
A primeira viagem de Vasco da Gama
Os historiadores sabem pouco sobre o motivo exato que levou Vasco da Gama, ainda um explorador inexperiente, a ser escolhido para liderar a expedição à Índia em 1497. Em 8 de julho daquele ano, ele comandou uma frota de quatro navios, incluindo sua nau capitânia, a São Gabriel de 200 toneladas, com o objetivo de encontrar uma rota marítima para a Índia e o Oriente. Para iniciar a jornada, Vasco da Gama navegou rumo ao sul, aproveitando os ventos predominantes ao longo da costa da África. A sua escolha de direção também foi, em parte, uma crítica a Cristóvão Colombo, que acreditava ter encontrado uma rota para a Índia ao navegar para o leste.
Após meses de navegação, ele contornou o Cabo da Boa Esperança e começou a subir a costa leste da África, em direção às águas desconhecidas do Oceano Índico. Em janeiro de 1498, quando a frota se aproximava do que é hoje Moçambique, muitos dos tripulantes de Vasco da Gama estavam doentes de escorbuto, forçando a expedição a ancorar para descansar e fazer reparos por quase um mês. No início de março de 1498, Vasco da Gama e sua tripulação chegaram ao porto de Moçambique, uma cidade-estado muçulmana situada na costa leste da África e dominada por comerciantes muçulmanos. Lá, Vasco da Gama foi rejeitado pelo sultão local, que se sentiu ofendido pelos presentes modestos trazidos pelo explorador.
No início de abril, a frota alcançou o que hoje é o Quênia, antes de zarpar em uma travessia de 23 dias pelo Oceano Índico. Eles chegaram a Calicute, na Índia, em 20 de maio. No entanto, a ignorância de Vasco da Gama sobre a região e a suposição de que os habitantes eram cristãos causaram alguma confusão. Os residentes de Calicute eram, na verdade, hindus, uma religião desconhecida por Vasco da Gama e sua tripulação. Mesmo assim, o governante hindu local recebeu Vasco da Gama e seus homens, a princípio, e a tripulação permaneceu em Calicute por três meses. Nem todos, no entanto, acolheram bem sua presença, especialmente os comerciantes muçulmanos, que não tinham intenção de ceder suas rotas comerciais a visitantes cristãos. Eventualmente, Vasco da Gama e sua tripulação foram forçados a negociar à beira-mar para obter mercadorias suficientes para a viagem de volta.
Em agosto de 1498, Vasco da Gama e seus homens partiram para Portugal. A partida de Vasco da Gama coincidiu com o início de uma monção. No início de 1499, vários tripulantes já haviam morrido de escorbuto e, para economizar sua frota, Vasco da Gama ordenou que um dos navios fosse queimado. O primeiro navio da frota chegou a Portugal apenas em 10 de julho, quase um ano depois de terem saído da Índia. Ao todo, a primeira viagem de Vasco da Gama cobriu cerca de 24.000 milhas em quase dois anos, e apenas 54 dos 170 membros originais da tripulação sobreviveram.
A Segunda Viagem de Vasco da Gama
Quando Vasco da Gama retornou a Lisboa, foi recebido como um herói. Para garantir a rota comercial com a Índia e superar os comerciantes muçulmanos, Portugal enviou outra frota de navios, liderada por Pedro Álvares Cabral. A tripulação chegou à Índia em apenas seis meses, e a viagem incluiu um confronto armado com mercadores muçulmanos, no qual a tripulação de Cabral matou 600 homens em navios de carga muçulmanos. Mais importante para seu país, Cabral estabeleceu o primeiro posto comercial português na Índia.
Em 1502, Vasco da Gama liderou outra expedição à Índia composta por 20 navios. Dez dessas embarcações estavam diretamente sob seu comando, enquanto o seu tio e sobrinho comandavam as restantes. No rastro do sucesso e das batalhas de Cabral, o rei incumbiu Vasco da Gama de consolidar ainda mais o domínio de Portugal na região. Para isso, Vasco da Gama realizou um dos massacres mais brutais da era das explorações.
Ele e sua tripulação aterrorizaram portos muçulmanos ao longo da costa leste da África e, em certo momento, incendiaram um navio muçulmano que retornava de Meca, matando centenas de pessoas (incluindo mulheres e crianças) a bordo. Em seguida, a tripulação dirigiu-se a Calicute, onde destruíram o porto comercial da cidade e mataram 38 reféns. De lá, seguiram para Cochim, uma cidade ao sul de Calicute, onde Vasco da Gama formou uma aliança com o governante local. Finalmente, em 20 de fevereiro de 1503, Vasco da Gama e sua tripulação iniciaram o caminho de volta para casa. Chegaram a Portugal em 11 de outubro daquele ano.
Anos Finais e Morte
Pouco foi registrado sobre o retorno de Vasco da Gama a Portugal e a recepção que se seguiu, embora se especule que o explorador se tenha sentido desapontado com o reconhecimento e a recompensa pelas suas conquistas.
Casado nessa época e pai de seis filhos, Vasco da Gama aposentou-se, dedicando-se à vida familiar. Ele manteve contato com o rei Manuel, aconselhando-o sobre assuntos relacionados à Índia, e foi nomeado conde de Vidigueira em 1519.
No final de sua vida, após a morte do rei Manuel, Vasco da Gama foi convidado a retornar à Índia, numa tentativa de lidar com a crescente corrupção entre os oficiais portugueses no país. Em 1524, o rei João III nomeou Vasco da Gama vice-rei português na Índia. Nesse mesmo ano, Vasco da Gama morreu em Cochim — possivelmente, segundo especulações, devido ao excesso de trabalho. Seu corpo foi levado de volta a Portugal por mar e enterrado no país em 1538.